Foi em 1991 que a bióloga Neiva Guedes se transformou em “piloto de testes” da Toyota. Naquele ano ela recebeu o primeiro Bandeirante, o “jipão” que ela jamais esqueceu. Quando a Toyota parou a produção do Bandeirante, ofereceu à bióloga, um a moderna Hilux, com ar condicionado, tração total e conforto incomparável.
Neiva olhou para a Hilux, achou muito chic, moderna, e torceu o nariz, achando que ela não conseguiria cumprir todas as funções do seu querido Bandeirante, que limpava capão (abria caminho no mato, construindo uma trilha), ultrapassava terrenos alagados.
– Pois me enganei – diz Neiva – porque, além do conforto da direção hidráulica, do ar condicionado, da suspensão macia, a Hilux faz tudo o que a Bandeirante fazia e no final de um dia de trabalho, o cansaço é muito, mas muito menor.
E quem é a Neiva Guedes, a bióloga que salvou a Arara Azul da ameaça da extinção?
Ela é presidente do Instituto Arara Azul, com sede em Campo Grande (MS) e um campo avançado no Refúgio Caymã, em Miranda (MS), criado em 1989, quando a Arara Azul estava ameaçada de extinção. Existiam apenas 500 indivíduos e hoje somam cerca de 1.500. Tudo com a parceria da Toyota que, desde 1991 colabora com a entidade, inicialmente cedendo o Bandeirante e em seguida contribuindo, entre outras coisas, com a construção da sede da entidade.
Não era submarino
Snorkel, este equipamento usado por mergulhadores e aventureiros de “off Road” deu à Neiva a certeza de que ela podia entrar com o Bandeirante em qualquer alagado. Pois um dia ela confiou que ele transformaria o seu “jipão” em submarino e enfrentou uma cheia nas proximidades da Caymã. O Bandeirante venceu o desafio, sem demonstrar qualquer dificuldade. E Neiva continuou a usá-lo,como se nada tivesse acontecido.
– Eu não sabia que precisava passar pela oficina e limpar o motor e outros componentes do veículo – justifica Neiva. Daí, uma semana depois, o motor fundiu porque o radiador ficou cheio de lama e não foi lavado. Mas, para ela, o que valeu foi que ele passou pelo campo alagado.
Arara urbana
Há cerca de dois anos, o pessoal do Instituto Arara Azul percebeu que, diante da falta de alimento nas matas, algumas espécies de araras migraram para a cidade, em busca do que comer. Então o instituto instalou, como já fizera na mata para a Arara Azul, ninhos em Campo Grande, habitados pela Arara Vermelha e a Canindé (a mais colorida da espécie).
Hoje são 145 ninhos, que servem como local de proteção para as aves e também para visitação pública. Os moradores da cidade ajudam na manutenção e proteção dos ninhos, que atraem pessoas de outros lugares que chegam para conhecer a “Cidade das Araras”.
Enquanto isso, as Araras Azuis continuam adotando como seu principal habitat a mata, poucas chegam à cidade. Seguem visitando e se reproduzindo nos ninhos monitorados pelo Instituto. A Arara Azul pode ser classificada de mais reservadas. Enquanto as outras espécies reproduzem anualmente, gerando dois ou mais filhotes, a Azul se reproduz apenas uma vez a cada dois anos, raramente passando de um filhote. Quando acontece de gerar dois, ele dificilmente chega à idade adulta. Isto explica os riscos de sua extinção, que só diminuíram com a ação do Instituto Arara Azul, com a colaboração da Toyota.
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