Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat. Acompanhe nessa reportagem como fazer o procedimento de revisão dos freios ABS do modelo Volkswagen Passat 

Texto e fotos: Carolina Vilanova

Colaboração técnica: Bosch

Com a Resolução 311 do Contran, publicada em 2009, os freios ABS se tornaram um item obrigatório em todos os veículos produzidos a partir de 2014. Mas muitos deles, principalmente, os importados e mais luxuosos, já contavam com o sistema há tempos. Se já era importante saber diagnosticar e fazer manutenção antes, imagina agora, que será cada vez mais comum entrar um carro na sua oficina equipado com essa tecnologia essencial para a segurança do veículo.

oficinanews_abs-pista
Pista onde são feitos os testes de ABS da Bosch, em Campinas

 

Tudo começou na aviação, quando o ABS foi usado para pousar aeronaves es pistas molhadas. Em 1978, no entanto, foi colocado na indústria automotiva, justamente pela Bosch, que nos auxiliará com as informações dessa reportagem.

ABS quer dizer em inglês Anti Block breaking System, ou seja, sistema de freios anti blocante. O conceito consiste em basicamente não bloquear as rodas do veículo durante uma frenagem brusca, já que essa situação faz o veículo perder a aderência e, consequentemente, o motorista perder o controle.

Diego Riquero, chefe do Centro de Treinamento Automotivo da Bosch, explica que existem dois tipos de aderência: a aderência de rodagem, que permite transmitir potência e a movimentação reta do carro, e a aderência lateral, que permite ao carro fazer as curvas. “Quando o freio bloqueia as rodas, perdem-se as duas aderências, ou seja, o carro não diminui a velocidade e também não consegue mudar de trajetória, vira passageiro. O ABS impede que isso aconteça”, afirma.

Para evitar o bloqueio, o ABS utiliza como base de cálculo a velocidade individual de cada roda, feito através de sensores em cada uma delas. Esses sensores enviam informações para o módulo, e o cálculo é feito na unidade de ABS localizada no compartimento do motor.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat
O sistema é equipado com um sensor em cada roda

“Medindo a velocidade, é possível identificar quando alguma roda está perto do travamento, em diferença de aderência entre as rodas, a com menor coeficiente de aderência vai ter uma tendência a travar com mais facilidade. Essa diferença pode ser dada pelo solo, água, terra, sujeira, ou pode ser da própria condição do pneu, inclusive, de temperatura. Também pode acontecer por um desequilíbrio de freio e pela geometria da suspensão”, explica o técnico.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat
Unidade de ABS instalada no carro

A sua ação se dá quando for detectada uma diferença de velocidade de rodas no momento da freada, que coloque em risco a aderência, levando a uma situação de perda de aderência. Então, o sistema faz uma intervenção, modulando a pressão hidráulica do fluido de freio, através de pulsos, até equilibrar a velocidade das rodas, sem deixar de frear.

A constante evolução do sistema – hoje estamos na nona geração – permitiu que fossem feitos up grades no ABS. Hoje, funciona em conjunto com o ASR (controle eletrônico de tração) e o ESP, controle eletrônico de estabilidade.

 

Componentes

– Unidade hidráulica do ABS: composta por um sistema de válvulas internas e uma bomba de pressão elétrica. A parte preta é o comando eletrônico, que recebe as informações dos sensores – de velocidade, do acionamento, das rodas, das condições de funcionamento do motor, câmbio etc – e assim faz o processamento dos dados e o cálculo para fazer a intervenção. O módulo é blindado e não permite reparo. Em caso de avaria, troca-se o conjunto completo.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

“A unidade hidráulica, nas primeiras gerações, trabalhava de forma independente, mas hoje conversa com o modulo de injeção, faz parte da rede can-bus e está integrada com todos os sistemas de controle do veículo, ou seja, injeção, controle de câmbio”, esclarece Diego.

 

Foto da unidade aberta para efeito didático
Foto da unidade aberta para efeito didático

– Cilindro mestre e reservatório do fluido: fazem parte do mecanismo convencional dos freios, e funcionam da mesma maneira. O ABS apenas interfere nessa parte, já que a pressão do óleo hoje passa pela unidade hidráulica antes de ir para as rodas.  

oficinannews_bosch_ABS_5

– Sensores de velocidade de roda: trabalham com o mesmo princípio de funcionamento do sensor de rotação, ou seja, são sensores geradores de sinal. As primeiras gerações eram sensores indutivos (sinal analógico), e as novas são sensores indutivos ativos (sinal digital), ou que trabalham pelo princípio hall.

oficinannews_bosch_ABS_8
Sensor de rotação indutivo, com sinal analógico

 

– Retentor magnetizado: funciona com o indutivo ativo, gerando pulsos magnéticos interpretados pelo módulo para saber a velocidade da roda. Nos modelos mais modernos, é incorporado no rolamento de roda, que requer especial atenção na hora de trocar.

Sensor de rotação indutivo ativo, com sinal digital
Sensor de rotação indutivo ativo, com sinal digital

– Roda fônica: funciona juntamente com o sensor de velocidade, somente com o indutivo convencional, como o sensor tem que captar as variações magnéticas, a roda fônica é a peça de ferro magnético, e o fato se ser dentada, gera pulsos.

 

Manutenção

O primeiro passo da manutenção do sistema de ABS é fazer um check up na parte eletrônica com a ajuda de um scanner automotivo. “Não existe um prazo de manutenção estipulado do ABS. A única recomendação é fazer a troca do fluido de freio no momento exato e verificar as partes mecânicas dos freios. “Lógico que temos que atentar ao freio convencional, lembrando que o ABS é um sistema auxiliar ao freio, complementar, ou seja, o convencional deve estar em ordem”, alerta.

Ele reforça que é importante verificar a especificação do DOT, que sempre é indicado pelo fabricante. Todo sistema ABS utiliza DOT 4 ou 5, o DOT 3 não atende as exigência.

Também é bom destacar que o conjunto hidráulico, por ser um sistema e segurança, a é projetado para durar mais de 20 anos, e não tem intervenções.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

A troca se dá por prazo de validade e por controle da condição do fluido. Tem que checar a sua condição, usando o analisador de fluido de freio, que mede a condição do fluido em relação ao nível de contaminação. Use sempre luvas para evitar contaminação na pele.

“Hidroscopia é uma propriedade que todo fluido de freio tem, que é a condição de absorver umidade, por isso se contamina com facilidade se o reservatório não estiver hermético, ou seja, corretamente vedado Atenção também para o anel de borracha”.

Se o fluido está contaminado por agentes externos e pelo funcionamento normal, tem uma tendência a formar água sozinho, porque atinge altas temperaturas. Com o processo de frear, aquecer e esfriar, o fluido forma umidade, aquece porque é gerador de alta temperatura, e depois esfria, gerando umidade.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

Sempre bom que o primeiro passo seja o check up eletrônico, com scanner de diagnóstico. Vale lembrar que existe a luz de indicação de anomalia que deve ser observada.

oficinannews_bosch_ABS_12

1) Instale um scanner no conector do carro.

oficinannews_bosch_ABS_13

2) Escolha o sistema no scanner, no caso ABS.

Manutenção dos freios ABS do Volkswagen Passat

3) Comece fazendo um check up eletrônico no sistema vendo se tem memória de erros, nesse caso não.

oficinannews_bosch_ABS_20

4) E o sistema mostra os parâmetros que podem ser avaliados, tem leitura de valores, acionamento de atuadores, intervenções como sangria de freio.

oficinannews_bosch_ABS_16

5) Como simulação, escolhemos o parâmetro dos atuadores e vamos checar o funcionamento da motor da bomba.

6) Com o auxílio do scanner, escolhendo o campo de atuadores, consegue acionar diferentes componentes do ABS, bomba de motor, válvulas, etc… Dessa forma identifica se o sistema está funcionando.

oficinannews_bosch_ABS_18

7) Outro parâmetro é o travamento da roda.

8) É importante frisar que em muitos carros com ABS a sangria é feita somente via scanner.

oficinannews_bosch_ABS_17

Caso seja encontrado algum erro, deve ser feito o diagnóstico, o reparo e só depois disso apagar a memória. Depois passado o scanner de novo.

oficinannews_bosch_ABS_21

Cuidados na troca da pastilha e sangria

O sistema ABS é mais delicado com relação a sujeira e a elementos contaminantes no circuito hidráulico, uma pequena partícula pode deixar o sistema inoperante, então exige cuidados especiais. Durante a troca de pastilha, por exemplo, é necessário retroceder o pistão da pinça de freio garantindo que não entre fluido de freio em direção da unidade hidráulica, para isso, faça o seguinte procedimento:

Obstruir o flexível onde passa o fluido do freio com a pinça apropriada, abrir o sangrador e deixar drenar o fluido que está no êmbolo, portanto contaminado. Fazer isso em cada uma das rodas. Finalizar a instalação das pastilhas de freio, completar com fluido novo, conforme a especificação no reservatório, realizando a sangria em todas as rodas.

 

Read Previous

Linha de pastilhas ecológicas da Cobreq garante mais durabilidade

Read Next

Audi e-tron é o SUV 100% elétrico que chega ao mercado brasileiro