Gestão de oficinas: Cuidados com o meio ambiente na oficina. IQA fala sobre a importância de manter um estabelecimento sustentável na reparação automotiva, começando com atitudes simples, como fazer a separação dos resíduos e dar o destino correto a eles
Texto: Carol Vilanova
Fotos: Divulgação
Deixou de ser um diferencial, agora contribuir para a preservação do meio ambiente é uma questão de consciência, além de ser obrigatório. Nos tempos atuais, empenhar-se em manter as questões relativas à sustentabilidade e cuidados com o meio ambiente no ambiente da oficina é essencial para trabalhar com seriedade e transparência com o cliente.
E muitas vezes, atitudes simples e que não custam nada podem ser adotadas para bem cumprir essa missão. Mas muitas vezes os gestores das oficinas pensam que esse é um assunto assustador, que demanda milhares de reais em investimento na infraestrutura e treinamento, e a história não é bem assim. Para tudo precisa investimento, é claro, mas não é nenhum bicho de sete cabeças deixar sua oficina ecologicamente amigável. E chega a ser prazeroso no final do dia.
Leia a Revista Oficina News completa
Nesse mês as dicas do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) vêm elucidar alguns pontos para que a sua oficina entre de corpo e alma no capítulo da sustentabilidade.
Sergio Ricardo Fabiano, gerente de Serviços Automotivos do IQA, esclarece algumas dicas gerais sobre o assunto: “a questão ambiental nos centros de reparação deve ser um item que faça parte do dia a dia dos funcionários da oficina, porque este tipo de negócio é um grande gerador de contaminantes para o ambiente”, diz.
Para mudar a consciência do mecânico, segundo o gerente, cabe ao dono da oficina mostrar a importância da mudança de pensamento e da prática correta. “Isto pode ocorrer com o treinamento/palestras dos colaboradores que passam a ter conhecimento da importância de preservar o meio ambiente e pensar nas novas gerações (filhos e netos), vendo como essas pequenas mudanças afetam seu dia a dia começa a mudar seu pensamento”, afirma.
Em relação a investimentos, Sérgio esclarece que para o negócio da oficina não existe um equipamento específico para investir quando falamos de descarte de materiais. “Estes ficam a cargo das empresas especializadas e que fazem a destinação adequada”, comenta.
O primeiro passo, literalmente, é fazer a separação do lixo e os resíduos e dar destinos corretos para cada um deles, reciclando o que for possível e dando o descarte correto ao que não é. Existem empresas especializadas e homologadas em descarte ecologicamente correto. É interessante pensar que separar lixo é algo que passa a fazer parte da cultura do indivíduo, e começar é dar o primeiro passo, não custa nada. Uma lição que pode ser usada tanto em seu local de trabalho quanto em casa.
O gerente do IQA explica que os materiais que podem ser reciclados são papel e papelão (não contaminados com óleo), plásticos, vidros, pneus, baterias automotivas, materiais metálicos entre outros. Já os materiais contaminados com óleo como filtros (ar e óleo), garrafas de óleo, panos de limpeza, resíduos de óleo/graxa devem ser armazenados adequadamente e destinados a empresas especializadas e autorizadas por órgão ambientais para a coleta e destinação adequada. “Estes materiais não podem ser colocados e descartados no lixo comum. Procure mais informação na prefeitura de sua cidade”, diz.
Sérgio complementa contando sobre os processos listados pelo próprio IQA, compilados no Manual de Boas Práticas, que pode ser solicitado pelo e-mail: negocios@iqa.org.br mediante um pequeno cadastro. Ali, o empresário pode consultar os processos que podem ser aplicados na oficina.
“Existem também regulamentações, o Brasil possui diversas Leis, resoluções e normativas (a nível Federal, Estadual e Municipal) que são relacionadas ao descarte adequado de materiais contaminantes e que podem gerar pesadas multas para as oficinas como a LEI FEDERAL 12.305 / 2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), Resolução CONAMA 301/02 – (Descarte de pneus inservíveis), Resolução CONAMA 401/08 (Descarte de baterias), Resolução CONAMA 251/99 (Regulagem de motor Ciclo Diesel/opacidade), Resolução CONAMA 227/97 (Regulagem de motor Ciclo Otto), entre uma diversidade de outras relacionadas ao tema”, complementa.
Algumas ações podem ser executadas para diminuir o impacto ao meio ambiente sem muito investimento:
– Coletar água de chuva das calhas e armazenar em pequenos tambores para utilizar na lavagem da oficina e de veículos;
– Diminuir o consumo de energia elétrica instalando telhas transparentes e lâmpadas de menor consumo (como as Leds);
– Destinar o óleo usado do motor/câmbio para empresas especializadas (que compram este material);
– Destinar os materiais recicláveis (papel, papelão, plástico etc.) para locais próximos que realizam a coleta, na maioria das cidades as prefeituras possuem pontos de coleta;
– Realizar conversas periódicas e treinamentos gratuitos de orientação dos colaboradores, que estão disponíveis pela internet.
Como cuidar de situações que impactam a oficina, segundo o IQA:
– óleo lubrificante usado: Destinar os resíduos de OLUC (Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado) par empresas especializadas que realizam a coleta, transporte e tratamento corretos.
– Descarte de sólidos embebidos em óleo: Contratar empresas especializadas na coleta de materiais contaminados com óleo como filtros (óleo e ar), panos, estopas, serragem, papelão, entre outros.
– Descarte de sólidos, como panos, papelão e peças: Armazenar e descartar adequadamente em locais autorizados pela prefeitura local.
– Emissões e gases: Infelizmente o Brasil não avançou na questão da Inspeção Veicular Periódica para os veículos, o que traz serias consequências para o ar e para a segurança dos veículos. Por isto da importância da manutenção preventiva e periódica do veiculo para manter as emissões dentro dos níveis definidos pela legislação.
– Produtos minerais e ferrosos: Armazenar e descartar adequadamente em locais autorizados pela prefeitura local e com empresas especializadas.
– Baterias: Armazenar e descartar adequadamente com empresas especializadas (próprio fabricante do produto).
– Plásticos: Armazenar e descartar adequadamente em locais autorizados pela prefeitura local e com empresas especializadas.
Ecologicamente certificada
O IQA mantém uma certificação específica para questões relacionadas com o meio ambiente na oficina. Sérgio conta que o Selo Verde é uma certificação com foco ambiental, em que a empresa solicita processos que permitem a otimização do uso de insumos, o descarte adequado de resíduos e a valorização do serviço prestado. “Assim, além de ser ecologicamente correta, tendência cada vez mais forte no mundo corporativo, a empresa até consegue ter um retorno financeiro (direto ou indireto)”, observa.
“Para conquistar a Certificação Ambiental do IQA (Selo Verde), o empresário do setor da reparação tem que desenvolver e aplicar efetivamente as ações que comentamos anteriormente”, afirma.
Segundo Sérgio, a preservação do meio ambiente tem que fazer parte do dia a dia do reparador e ser realmente praticada por todos dentro da oficina. Sendo que para ser certificado a oficina tem que atender mais de 60 itens de requisitos exigidos nesta certificação.
“O Selo Verde para o IQA tem uma grande importância para com a preservação ambiental e a preocupação com as futuras gerações dentro do negócio da reparação automotiva. Atualmente o IQA possui 48 empresas do setor da reparação certificadas”, finaliza.
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.