Entrevista. Distribuição de peças com mais rapidez e qualidade. Comemorando um ano de atuação do Centro de Distribuição de Peças, o diretor Executivo da PACCAR Parts Brasil, Carlos Tavares, conta que o local trouxe grande suporte à marca, com aumento de 100% do volume das peças comercializadas, com mais rapidez no prazo de entrega
Texto: Carol Vilanova
Fotos: Divulgação
Revista Oficina News: Neste período de operação, o Centro de Distribuição de Peças da Paccar Parts, que fica em Ponta Grossa (PR), teve resultados importantes para a empresa…
Carlos Tavares: Estamos comemorando este primeiro ano com crescimento de 120% em faturamento, o aumento de 100% o volume de peças comercializadas e a ampliação de 60% no inventário de produtos. O centro teve investimento inicial de R$ 100 milhões, estabelecido em 16mil m² de área construída e capacidade para armazenar mais de 50 mil locações, com moderna tecnologia para operação e logística de peças. Estamos constantemente investindo em equipamentos e tecnologias, que proporcionam ganhos logísticos, possibilitando mais de 98% de taxa de disponibilidade de peças.
Estamos celebrando vários indicadores bem importantes conquistados nesse período: nós aumentamos nosso time, tínhamos no começo do ano passado quatro pessoas e hoje temos 12. Entregávamos no começo do ano passado, 250 linhas de peças por dia, e hoje são 500 linhas por dia de peças, ou seja, o dobro de volume.
E esse aumento de volume tem algumas consequências boas, aumentamos a frequência de entrega nas concessionárias, antes era uma vez por semana, agora são duas vezes por semana e o objetivo é passar para três vezes por semana. Então, isso significa que a rede, recebendo mais frequentemente, ela pode ter um estoque com menos gordura, mais otimizado.
Com essa frequência, outra comemoração positiva é o tempo que levamos para entregar a peça para a rede, antes eram de cinco dias para fazer a entrega e hoje a média é de três dias para distribuição no Brasil todo.
E sem o centro de distribuição nada disso seria possível. Realmente ter a capacidade do armazém maior, que comporte todos os lançamentos de novos caminhões, de novos itens TRP, que são as peças multimarcas, só permitiu o aumento de volume e o aumento de negócios com o cliente final. Para nós foi um sucesso, o CD está entregando o que a marca programou e planejou.
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RON: Qual o tamanho da rede DAF hoje? Até onde chegam com as peças?
Carlos: Nós estamos com 50 pontos de atendimento, aumentaremos até o final do ano. De concessionárias temos 45, ou seja, loja completa. Mas temos uma novidade, que começamos no ano passado como piloto, que chama a Loja TRP. Um ponto de atendimento com peças e serviços, ou seja, com oficina. É chamada assim porque atende não apenas DAF mas todas as marcas de caminhões e carretas. A ideia com a Loja TRP é estar mais próximo onde esse caminhoneiro precisa. Seja na rota ou na cidade onde é o quartel general da frota. Hoje temos cinco lojas TRP, mais três em finalização que inauguram nos próximos meses e outras três em preparação e reforma, então até dezembro, teremos mais seis lojas inauguradas. Dessa forma, o ponto de atendimento para peças e serviços não para de crescer, segue crescendo forte. Para cada concessionária, teremos de três a cinco lojas TRP, exatamente para atender melhor esse caminhão que está na estrada ou longe da concessionária, mas que precisa de peças e serviços.
RON: Vocês têm a loja TRP multimarcas, como faz o treinamento dos profissionais ali dentro?
Carlos: Começamos com a TRP com são peças de serviços mais rápidos, como filtros lonas, bomba d’água, mangueiras, são os serviços periféricos, e aí o treinamento é mais simples. Então temos nossa ferramenta de treinamento, toda vez que fazemos o lançamento de um item novo, vai junto todo um guia de como instalar, para que o mecânico, que já sabe muito bem como trocar uma bomba d’agua, ou um tensionador, mas precisa de uma dica daquela marca específica, com detalhes específicos.
Agora, nós estamos ampliando e bastante os reparos mais complexos, com motores, transmissão e diferencial. Aí sim, existe um treinamento técnico mais profundo e para isso, a gente pode usar o SENAI da região ou o nosso treinamento a distância, ministrado pelos nossos engenheiros de maneira virtual, mostrando como fazer esse reparo. Claro que como somos uma marca relativamente nova, então muitos técnicos vêm de outras montadoras, e com eles todo um conhecimento que ajuda, inclusive, a melhorar o nosso treinamento para toda a rede. Somos humildes para ouvir toda a equipe, tanto internamente quanto nas concessionárias e tirar dali o que podemos fazer de melhor para aprimorar nossos serviços. E essa lição aprendida a gente repassa para todo Brasil.
RON: A gente fala muito de peças certificadas, de itens genuínos. Como a TRP trabalha a questão da homologação das peças para determinado caminhão?
Carlos: Esse é um ponto muito importante. Quando lançamos uma peça TRP, por trás dela está uma montadora e como tal temos uma responsabilidade gigante. Não podemos ter uma peça TRP que possa trazer problemas para aquele caminhão. Até porque temos ações na bolsa. De valores global e isso pode vir a causar um impacto terrível para nós.
Nossa engenharia no Brasil, na Holanda e nos EUA participam de toda homologação de peças TRP no mundo. Se são itens de segurança, temos como procedimento mandar as peças para os nossos laboratórios, para o campo de provas na Holanda ou nos EUA, para que façam testes. Ou contratamos aqui no Brasil laboratórios certificados para fazer essa homologação e, então, compartilhamos esses resultados com os engenheiros de outros países, para aprovar junto conosco e ter certeza de que nenhuma peça será vendida pela Paccar do Brasil sem a qualidade da montadora. O proprietário do caminhão pode ter certeza de que existe um grupo de engenheiros com todo cuidado e atenção só liberando peças que são realmente certificadas para o caminhão dele.
Mesmo sendo uma peça produzida pelo sistemista da montadora, uma peça de reposição, ainda assim, passamos pelos nossos testes de validação. Quanto mais o item for de risco, mais alta é a exigência do teste.
RON: Como está a questão da TRP na internet, depois que foi lançada a Webshop? A ideia pegou?
Carlos: Lançamos a ferramenta no ano passado (https://parts.daf.com/pt-BR) e é muito utilizada por compradores de peças e por motoristas que participam da decisão da compra. Isso acontece pois existe dentro dessa ferramenta uma solução que se chama Parts Scan, que consiste em bater uma foto da peça ou do código de barras da peça, e com isso, todo aquele trabalho que existia antes de buscar no catálogo, acabou. Batendo a foto, o sistema traz a aplicação adequada para você, com preço e disponibilidade de prazo. O cliente clica e diz quantas peças ele quer e daí, o pedido para o concessionário mais próximo que faz a entrega. Quem faz a ponte é o concessionário, toda a necessidade do consumidor é monitorada pela Paccar e temos um sistema (MDI) que monitora o estoque da nossa concessionária e conversa com o sistema Webshop. Com isso garantimos que a rede de concessionária está abastecida com as peças certas nas quantidades certas, no momento necessário. Uma equipe dentro do centro de distribuição gerenciando todas as concessionárias e as lojas TRP, como está o estoque e como está o processo do Webshop junto ao estoque da rede, garantindo que o cliente receba a peça.
RON: A marca incentiva que o mecânico independente procure uma peça TRP?
Carlos: Gostaríamos que 100% da frota viesse às nossas concessionárias e nas lojas TRP. Claro que somos especialistas de DAF, mas todos são bem-vindos, qualquer que seja a marca. Sabemos que a concorrência existe e abraçamos eles também. Sabemos que tem o cliente que precisa de peças e leva o caminhão no mecânico que ele escolher. Então, essa oficina independente também é nosso cliente e está no Webshop, comprando nossas peças. Sempre será muito bem atendido.
RON: Que tipo de tecnologia e ferramentas tem no Centro de distribuição?
Carlos: A gente ainda não tem robôs, até por conta do tamanho e do peso das nossas peças. Temos equipamentos que facilitam a vida do operador no momento de fazer o supermercado. Temos uma preocupação enorme com a saúde deles, então, nossos operadores têm equipamentos especiais para pegar peças pesadas, eles não vão fazer força para isso. E temos ainda equipamentos de proteção, pois temos 12 metros de altura e a peça pode estar lá em cima. Para isso, oferecemos todo equipamento para dar segurança e conforto para o operador trabalhar melhor e com mais agilidade. Investimentos em empilhadeira de primeira linha, conectadas, além de toda tecnologia de gerar lista inteligentes que cria rotas otimizadas, gerando melhorias contínuas.
RON: As concessionárias trabalham com estoque?
Carlos: Sim, a rede possui estoque de peças, separados por grupos de peças estratégicas, para a satisfação do cliente e usuário. Temos as peças de alto giro, que saem todo dia; as peças fundamentais, que não tem giro, mas tem que ter disponível, como um retrovisor, por exemplo. E as peças de baixo giro, que são monitoradas pelo nosso sistema MDI, para ver como está a evolução, é mais regionalizado. Na TRP funciona da mesma maneira, o sistema é o mesmo, ele faz a mesma gestão. Regionalmente, o sistema mede naquela loja o que tem saído mais, se eu tiver a marca A, B ou C que tem mais naquela região, o próprio concessionário e o analista do MDI parametrizam esses dados para que o sistema seja mais rápido nas respostas daquele segmento de veículo, conseguindo dar o nível de serviço de excelência ao cliente, que é a nossa missão número 1 na Paccar.
RON: Em relação aos acessórios, como é essa divisão na Paccar, para os caminhões DAF.
Carlos: Você saber que o caminhoneiro mora no caminhão e ele quer ter a “cara dele” nesse local. Lançamos o XF no ano passado e o CF neste ano e lançamos junto mais de 30 acessórios para esses modelos, o que chamamos de personalização para o caminhoneiro. São itens como corneta, barra de iluminação, iluminação interna, multimidia, geladeira, câmeras, itens de conforto. São componentes variados para que o caminhoneiro possa ter o seu caminhão único.
RON: Para finalizar…
Carlos: Gostaríamos de reforçar que com esse um ano de operações, conseguimos três pontos bastante importantes, que refletem diretamente no cliente, entregando serviços de melhor qualidade para o cliente. Entregando mais rápido, com uma frequência de entrega que ainda aumenta, e a quantidade de pedidos que estamos entregando diariamente, que mais que dobrou de antes da inauguração. Tudo isso por conta de um centro de distribuição amplo, moderno e com capacidade maior. Essas são as três comemorações, que eu diria que é tudo para o caminhoneiro, para a empresa, e para a oficina independente, para sempre para atendê-los melhor.
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.