Fiola fala sobre setor e mecânicos

Antônio Fiola é presidente do Sindirepa-SP e Sindirepa Nacional

Antônio Fiola é presidente do Sindirepa-SP e Sindirepa Nacional

Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP e do Sindirepa Nacional, estreia a sessão de entrevistas do Portal Oficina News, contando um pouco sobre o mercado de reparação e de como está a vida do profissional do setor. Acompanhe!

Por Carol Vilanova 

Oficina News-  Como presidente do Sindirepa SP e Nacional, como você analisa o mercado da reparação atual em relação a nossa situação econômica?

Antonio Fiola- Este ao foi um pouco atípico devido à Copa do Mundo no primeiro semestre e agora com as eleições. Com isso, houve queda no movimento das oficinas, principalmente em junho e julho. Acreditamos que o segundo semestre será melhor até porque isso já é característico. Claro que se a situação econômica se agravar, com aumento do desemprego pode afetar o setor de serviços, não apenas a reparação. Contudo, temos uma frota circulante que ultrapassa 40 milhões de veículos e precisa de manutenção e é público, que atendemos. O motorista vai à oficina de confiança quando o veículo sai da garantia, há também aqueles que fazem isso ainda quando o carro está na garantia de fábrica. Há outro ponto importante o aquecimento do mercado de venda de seminovos acaba interferindo positivamente na reparação.

 

ON- Agora, como empresário dono de oficina, em sua opinião, falta mão de obra qualificada no mercado?

Fiola- Sim, este é um problema que atinge nosso setor. Por isso, o Sindirepa-SP tem feito várias ações e parcerias para promover a capacitação profissional.  Uma delas é o Jovem Aprendiz, programa desenvolvido pela Fiesp em parceria com o Sindirepa-SP para atender as demandas de mão de obra qualificada do setor de reparação, possui mais de 400 alunos disponíveis para contratação, em diversas cidades de São Paulo. Eles estão cursando entre 1º e 4º semestres. A iniciativa vem ao encontro das necessidades da indústria da reparação com relação à escassez de mão de obra especializada.

A listagem atualizada de alunos dos Cursos de Aprendizagem das Escolas em Senai, em todo o Estado de São Paulo, contendo a formação dos alunos e as respectivas cidades, está disponível para os reparadores associados ao Sindirepa-SP  no site da entidade http://www.sindirepa-sp.org.br. Também podem entrar em contato com o Senai de sua região ou com a Fiesp/Depar pelo telefone (11) 3549-4632, com Cristiane Gouveia.

ON- Muitos empresários do setor reclamam que os profissionais não aceitam trabalhar porque o salário é baixo. Qual a media salarial de um mecânico, existe possibilidade de uma revisão desses salários?

Fiola- O salário varia em cada estado. No Estado de São Paulo o piso salarial da categoria é R$  1.014,00, não é considerado baixo, é maior do que muitos setores, como que o comércio e muitos bancos. Há profissionais experientes na reparação que chegam a ganhar mais de R$ 3mil. Há reajuste anual do piso da categoria. A questão não é salarial e sim a falta de interesse na profissão. Hoje, o jovem busca outras frentes de trabalho. Isso não acontece só no setor de reparação de veículos, mas em várias áreas. Falta renovação profissional. Vivemos no mundo digital que amplia as possibilidades e abre novos mercados.

 

ON-  Como está a adaptação das oficinas na lei que exige a regulamentação desses estabelecimentos?

Fiola- Muitas já estavam com as adequações feitas até porque o texto da lei se baseou em oficinas que já atuavam de maneira adequada, seguindo os padrões estabelecidos necessários para garantir atendimento de qualidade. Outras estão efetuando as mudanças necessárias e há sempre os retardatários que vão deixar para a última hora, lembrando que a lei começa a vigorar a partir de 11 de janeiro de 2015.

ON-  Quais os requisitos para ser uma oficina regulamentada e existe um prazo para essa adequação?

Fiola- Sim, o prazo é 11 de janeiro de 2015 quando a lei entra em vigor, um ano após sua publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo. A lei nº 15297/14, conhecida no setor como lei Alvarenga, é de autoria do deputado Major Olímpio (PDT) e determina as normas básicas de oficinas mecânicas no Estado de São Paulo. Desta maneira, cria uma nova forma de relacionamento entre consumidor e oficina. A lei, além de estabelecer regras para abertura e funcionamento das oficinas, também garante inclusão e desenvolvimento do setor, sempre primando pela qualidade no atendimento ao consumidor. A regulamentação das oficinas estabelece regras e exigências que tornam mais transparentes a relação entre consumidores e oficinas.

Entre as exigências da lei, há a necessidade da oficina contar com um responsável operacional pelos serviços executados que atenda aos requisitos da ABNT ou que tenha passado por treinamento de 400 horas ou 40 horas quando comprovada experiência de dois anos. Não se trata de um técnico, mas um profissional capacitado para executar o serviço.

O treinamento deverá ser feito pelo Senai ou outra instituição de ensino capacitada em manutenção automotiva. A lei deverá estimular a indústria a adequar treinamentos e certificados com objetivo de auferir o valor legal exigido.

O responsável operacional terá como função possuir o entendimento geral dos serviços, esclarecendo os questionamentos dos consumidores. Alvarenga comenta que a norma de capacitação expedida pela ABNT – NBR 15.681 de 2009 – Qualificação do mecânico de manutenção, base para a certificação voluntária de profissionais que será elaborada pelo Senai Nacional, deverá ser seguida, conforme o artigo 3º, item I da lei.

Os serviços precisarão atender às normas técnicas publicadas pela ABNT (Associação Nacional de Normas Técnicas), além de seguir especificações estabelecidas pelos fabricantes de autopeças. Existem 27 normas de serviços automotivos existentes, sendo que 17 estão sendo revistas pelo estudo, realizado pelo Grupo de Trabalho do Subcomitê Brasileiro Automotivo CB-05 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, do qual o Sindirepa-SP, Senai e IQA fazem parte.

A primeira normalização de serviços automotivos surgiu em 1993 e diversas delas foram criadas entre 1999 e 2002, por isso, algumas normas precisam ser atualizadas.

Para obter as normas técnicas gratuitamente, basta acessar a página http://www.abntcatalogo.com.br/sebrae/setorial/, clicar em reparo de veículos, inserir o CNPJ da oficina e seguir os passos recomendados.

Os equipamentos para os serviços que medem as emissões veiculares, assim como os ligados diretamente à segurança veicular, deverão estar em conformidade de acordo com a norma NBR-ABNT 14.624 e deverão atender, caso exista, a exigência de comprovação de homologação junto ao Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

Os estabelecimentos deverão exibir em local visível o atestado de legalidade sindical patronal e o certificado numerado atestando o cumprimento dos dispositivos desta lei, emitido pelo Sindirepa, sindicato que representa as empresas de reparação de veículos.

Também será necessário deixar visível também o certificado de conclusão de treinamento do mecânico, expedido por instituição de ensino oficialmente reconhecida na área automotiva e certificado de conclusão em treinamento de conhecimento geral dos sistemas dos veículos automotores, com o nome do responsável operacional dos serviços.

 

ON-  Na contramão da regulamentação, como está a situação das oficinas informais? Existe algum projeto para se adequar na lei?

Fiola- A lei vem para regulamentar o setor de reparação e é a forma para dessas oficinas saírem da informalidade.

ON- O que falta para o profissional da reparação nos dias de hoje?

Fiola- Falta aprimorar conhecimentos em gestão. De uns anos para cá, muita coisa mudou na área administrativa, novas leis e exigências que tornam o processo muito mais complexo. O setor também precisa ter acesso a linhas de financiamento compatíveis com as micros e pequenas empresas para suprir as necessidades do grande universo das oficinas. Era preciso também ter uma legislação diferenciada, com redução de encargos e incentivos fiscais para as micros e pequenas empresas que propiciasse o desenvolvimento sustentável. São elas que geram a maior parte dos empregos no País. Outro ponto é o acesso às informações técnicas que fica restrito e acaba dificultando o serviço. Há muitos recursos eletrônicos nos veículos que necessitam de códigos, muitas vezes, não são liberados pelas montadoras. O Sindirepa-SP tem trabalhado fortemente nessa questão, criou um catálogo eletrônico de peças e também temo CDI – Centro de Documentação e Informações – que fornece dados para ajudar no dia a dia do reparador. Mas, com os novos lançamentos de modelos e versões de veículos, a dificuldade em se manter atualizado aumenta ainda mais.

ON- Qual sua mensagem para ele em relação ao trabalho?

Fiola- Como sugestão para o setor, acho que o reparador deve sempre focar na prevenção, esta é a palavra chave para o consumidor, e ele deve aprimorar sempre esta condição na sua empresa.

 

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