Gestão de oficinas: Oficinas mecânicas trabalham na quarentena. O que estamos vivendo nesses últimos dois meses nunca se viu antes. Uma pandemia que toma o mundo e coloca todos em alerta. O novo coronavírus, o Covid-19, se espalhou por todos os continentes e como era de se esperar, chegou ao Brasil. E nós, temos que nos adequar a ele e fazer tudo o que está em nosso alcance para evitar que se prolifere.
Tudo parou. Empresas mandaram seus funcionários para casa, lojas fecharam, transporte público foi reduzido e a recomendação para a população é ficar em casa. Alguns estados criaram regras bastante restritas para combater o vírus, para evitar o colapso no sistema de saúde, tanto particular quando público. Vamos lembrar que o coronavírus não escolhe classe social.
Mesmo com todas as restrições de funcionamento no Estado de São Paulo, as oficinas mecânicas têm autorização para trabalhar normalmente durante o período da quarentena do coronavírus.
O Decreto nº 64.881, foi anunciado pelo governador do Estado de São Paulo, João Dória, em 22/03/2020, e confirmado pelo Sindirepa/SP – Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo.
A medida atendeu ao pleito do Sindirepa-SP, por meio de Ofício N°005/2020, enviado ao Governo do Estado de São Paulo, de 19/03/2020, solicitando a manutenção de suas portas abertas como suporte de serviços automotivos não só para os transportes em circulação e público, como também para serviços vitais, como bombeiros, polícia, ambulâncias e transporte privado para efeito de possíveis deslocamentos emergenciais.
São tempos difíceis, mas de muita responsabilidade para as oficinas, já que fazem parte desse grupo de profissionais considerados essenciais e trabalham na linha de frente contra essa pandemia que se espelho pelo mundo inteiro.
Cuidados, porém, têm que ser tomados com a maior cautela. De acordo com o presidente do Sindirepa, Antonio Fiola, é necessário tomar as precauções de higiene e equipamentos de proteção necessários para os funcionários. “Lavar as mãos com frequência, fazer uso de máscara na equipe e fazer a higienização com álcool em gel nos veículos, partes internas como volante, câmbio, freio de mão e maçanetas nas partes interna e externa. É importante que os funcionários também mantenham a higiene pessoal e de seus uniformes”, alerta.
Fiola reforça as precauções que devem ser tomadas em relação ao profissional reparador: “as medidas mais importantes são com higiene e afastar os funcionários com mais idade e doenças crônicas que os colocam no grupo de risco, conforme informado pela OMS – Organização Mundial de Saúde”.
Todo reparo precisa de peças, logo, e por meio do Sindirepa e outras entidades esse problema foi parcialmente resolvido. Conforme o Decreto 64.864, de 16 de março de 2020, aqui no Estado de São Paulo, permite que as lojas de autopeças funcionem de portas fechadas para entregas delivery e drive-thru.
“Esse sistema já existia antes. As peças sempre vieram até nós. No Estado do Rio Grande do Sul também está valendo autorizado, assim como em Teresina, capital do PI. Mas quando se trata de peças para funilaria e pintura o cenário é diferente, pois depende do fornecimento de peças das concessionárias que estão fechadas. Inclusive, o Sindirepa encaminhou um ofício à Fenabrave para solicitar a solução para esse problema, pois quem é prejudicado é o consumidor que tem o caro parado por falta de peça justamente neste momento tão crítico e delicado que vivemos”, analisa o presidente.
Gestão de oficinas: Oficinas mecânicas trabalham na quarentena: Saúde é o que interessa
O Equipamento de Proteção Individual, também conhecido como EPI é todo dispositivo ou produto usado individualmente pelo trabalhador a fim de garantir a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança, sua saúde e sua vida.
EPIs mais importantes e para que são usados
– Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes; – Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares; – Proteção visual e facial: óculos e viseiras; – Proteção respiratória: máscaras e filtro; – Proteção da cabeça: capacetes; – Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas; – Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões. |
Nas oficinas, porém, as luvas, sapatos especiais, óculos e protetores auriculares são os mais utilizados no dia a dia. Para qualquer tipo de serviço são sempre indicados e os empresários do setor da reparação, ou seja, donos de oficinas, têm a obrigação de fornecer ao mecânico. Se este, por sua vez, não quiser usar, é sob sua própria responsabilidade e risco.
Em época de contaminação por conta do Covid-19, Fiola destaca que além dos equipamentos citados acima, já necessários para o reparo, é preciso ter máscara e limpeza das mãos constantes, assim como limpar as ferramentas após o uso.
“Ter álcool em gel em todas as áreas da oficina, incluindo recepção e administrativo e manter a distância mínima de 1 metro e meio entre as pessoas. É importante que cada funcionário colabore e lave as mãos e as roupas que usa todos os dias. São hábitos que precisam ser incorporados na vida de todos nós”, observa.
O presidente do sindicato, que também administra sua própria oficina, alerta que é prudente tomar cuidados também no trajeto para a oficina, para aqueles que usam o transporte público. “É importante evitar aglomerações e sempre andar com máscara e álcool em gel”.
Gestão de oficinas: Oficinas mecânicas trabalham na quarentena: Como andam as oficinas
Apesar de as oficinas estarem funcionando nesse período de quarentena, é notado que o movimento caiu bastante. “Tem muitas oficinas fechadas e movimento caiu drasticamente, já era esperado já que os carros estão parados nas casas das pessoas. Somente quem precisa mesmo do reparo para o carro se locomover, explica Fiola.
Na Auto Mecânica Scopino o volume também caiu, mas o trabalho continua por lá. “Estamos trabalhando normalmente, não fechamos em nenhum momento. Temos serviços, mas em um volume 40% menor que o normal”, afirma Pedro Luiz Scopino, sócio e responsável técnico da oficina.
Tradicional no bairro da Casa verde, em São Paulo, a oficina tem quase 50 anos de funcionamento e já passou por muitos momentos da nossa economia. Scopino, porém, conta que não dispensou nenhum funcionário, mas que antecipou as férias normais para 2 dos 11 funcionários.
“No atendimento com os clientes, recomendamos a distância e o uso de máscara. Ficamos atentos ao uso do álcool gel, da limpeza interna do carro, das chaves, encapamos o volante, alavancas, banco e tapete e fazemos a oxi-sanitização com ozônio”, diz. Além disso, os profissionais contam com todos os EPIs necessários para o trabalho.
A Mecânica do Gato, localizada no bairro da Mooca, em São Paulo, é mais um estabelecimento de renome na funcionando desde 1969. César Samos, responsável pela oficina, conta que também está trabalhando normalmente, mas que o movimento está muito baixo. Na média de todos os dias caiu 70%.
Ele explica que nas primeiras duas semanas, reduziu o pessoal por meio de escala de trabalho. “Ficou assim: trabalha um dia e folga dois. Afastamos os que usam transporte público para evitar aglomerações. Também afastei o funcionário que tem idade acima dos 60 anos”, comenta.
É realmente um momento difícil para todos e o fluxo de clientes comuns, que não sejam de veículos essenciais, depende de cada empresa. “Há oficinas que trabalham com pré-agendamento, marcam horário por telefone ou WhatsApp. Isso é muito particular e da forma que o empresário já trabalhava. Por isso, tem empresas abertas e outras fechadas”, conta Fiola.
A Saúde das oficinas
Já foram anunciados diversos projetos do governo para amenizar o prejuízo de pequena se médias empresas neste momento em que muitas lojas estão fechadas, ou como as oficinas, trabalhando em menor escala.
Para ajudar as oficinas mecânicas, Fiola explica que existe uma série de prorrogações de tributos e isenções que o governo vem apresentando. “Vai ser preciso fazer os ajustes financeiros, cada empresa terá o seu, mas o momento é muito crítico, ainda não sabemos até quando a quarentena vai durar. Tudo vai depender do período e como será a retomada, o que sabemos é que os negócios sofreram um baque de forma geral, a roda parou de girar”.
Ele recomenda paciência, dedicação e muita perseverança para superar este momento. “Todos estamos no mesmo barco, o caos é mundial. É preciso olhar para o negócio e ver as medidas adequadas e soluções para minimizar os danos e sobreviver”, finaliza.
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.