Conversamos com representantes do mercado de autopeças e com lojas de varejo que falaram sobre o momento do mercado e as expectativas para esse ano
Texto: Carol Vilanova
Fotos: Divulgação
Em retomada, assim é encarado o cenário do mercado de reposição de autopeças aqui no Brasil. Mesmo com a pandemia, o ano de 2020 teve números melhores do que o esperado, e em 2021, a estimativa é de resultados positivos em faturamento, além de previsão de aumento dos investimentos e de contratação de mão de obra.
As vendas de veículos novos também tiveram seu avanço, porém, neste segundo trimestre a indústria sofreu com falta de insumos e com a suspensão da produção, por conta do agravamento da pandemia.
Enquanto a produção deu uma estacionada, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o licenciamento de 188,7 mil unidades em maio representou alta de 7,7% sobre o mês anterior, com destaque para os 11,5 mil caminhões, melhor resultado do segmento desde dezembro de 2014.
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Bons ventos também sobre as transações de veículos usados, registrados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) em maio de 2021 com aumento de 18,50%, ou seja, 1.326.057 unidades sobre as 1.119.047 unidades comercializadas em abril. Isso somando todos os segmentos automotivos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros veículos).
Na comparação com maio de 2020, quando 440.147 veículos foram transacionados, houve crescimento de 201,28%. No acumulado de janeiro a maio de 2021, foram negociadas 6.032.061 unidades, alta de 60,37% sobre o mesmo período de 2020, que somou 3.761.338 veículos usados comercializados no país.
“A diferença significativa sobre o ano passado coincide com a fase mais aguda da pandemia, quando o comércio estava, praticamente, fechado. Além disso, como as vendas de veículos novos estão limitadas à capacidade de produção das montadoras, que ainda enfrentam problemas, o mercado de usados continua aquecido, tanto nas transações em que esses veículos são oferecidos na troca por um zero km, quanto nas negociações entre usados”, explica Alarico Assumpção Júnior, Presidente da entidade.
Reposição em alta
Mais veículos usados sendo vendidos significa que a reparação e a reposição estão em alta. Elias Mufarej, diretor do Sindipeças para Mercado de Reposição e Fomento às Exportações, conta que durante a pandemia o setor de autopeças enfrentou o mesmo impacto que outros setores da economia.
“Porém, a partir do segundo semestre do ano passado, iniciou-se alguma recuperação. A linha de veículos pesados foi a que menos sofreu os impactos, já que a circulação de caminhões e veículos urbanos de carga foram essenciais durante o período mais agudo de distanciamento social”, explica.
Ele continua: “estimativas do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) indicam crescimento de 13% no faturamento líquido nominal em reais em 2021, sobre o ano passado, totalizando R$ 142,6 bilhões, nas vendas para todos os segmentos de mercado: montadoras, reposição, exportações e vendas intrassetoriais. Essa previsão é revista algumas vezes durante o ano. Veja aqui a última versão.
Ano fiscal | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019
(revisado) |
2020
(estimativa) |
2021
(projeção) |
R$ bilhões | 99,2 | 102,4 | 122,5 | 146,4 | 153,1 | 126,3 | 142,6 |
Variação Nominal a.a. (%) | -8,6% | 3,2% | 19,6% | 19,5% | 4,6% | -17,5% | 12,9% |
US$ bilhões | 29,7 | 29,4 | 38,4 | 40,0 | 38,8 | 24,5 | 28,0 |
Variação a.a (%) | -35,6% | -1,1% | 30,5% | 4,4% | -3,1% | -36,9% | 14,5% |
*Fonte: Sindipeças
*Faturamento com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) e sem IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Taxa média anual do dólar – Venda.
Varejo de peças
Na Ivecompany, empresa especializada na distribuição e reposição de peças para toda linha Iveco, Fiat Ducato e Renault Master, o mercado de autopeças segue aquecido com algumas faltas pontuais. “Já observamos nesse momento em alguns casos, fábricas com estoque alto em alguns itens também’, observa Éder Giacomini, diretor Comercial da empresa, tem uma loja e um Centro de Distribuição localizados na Vila Guilherme, em São Paulo/SP.
Em relação ao comércio de peças online, a Ivecompany já usava diversos canais antes da pandemia, mas isso foi intensificado logo que os mercados começaram a se fechar. “Utilizamos alguns Market places e temos nossa loja online também”, afirma o diretor.
Éder conta que o cliente mecânico ainda gosta de ir até a loja para comprar. “O cliente gosta de pegar a peça na mão, bater um papo com o vendedor e falar sobre as experiências com determinados produtos”, diz
O diretor acredita que as vendas serão boas neste ano. “Estamos com boas expectativas e estruturando nossas operações e equipes para crescer”. Para atrair mais clientes, ele comenta que tem com a intenção de mostrar um pouco mais do trabalho da empresa por meio das mídias e ações de marketing: “sempre olhando para o grau de satisfação de nossos clientes que é o nosso principal indicador”, assegura.
“Trabalhamos com uma categoria bem especifica que são Vans, VUC´s e linha pesada, percebemos que essas categorias em específico já estão cuidando muito mais de seus veículos para ter mais qualidade em seu trabalho do dia a dia”, conta.
Para fugir das peças falsificadas, o diretor recomenda comprar produtos com parceiros de confiança. “Também é válido desconfiar se a oferta estiver muito fora dos preços praticados no mercado, às vezes as ofertas irresistíveis podem te levar a esse caminho das peças falsificadas”, complementa.
A Piqueri Autopeças que tem duas lojas, a matriz na zona oeste de São Paulo, no bairro do Piqueri, e a filial na cidade de Jundiaí, interior do Estado. A loja principal já opera há 55 anos, esperando uma terceira loja já a caminho.
Rogerio Tegon, diretor da empresa, conta que houve um aumento nas vendas, mesmo passando por um dos momentos mais críticos da história do Brasil. “A Piqueri se solidariza com todas as pessoas que tiveram alguma perda, seja na família ou amigos. Estamos com muita dificuldade na reposição de peças, pois a falta de produtos nas fábricas alcançou um patamar altíssimo, o caminho foi aumentar de maneira substancial o nosso estoque e acompanhar as pendências dos pedidos a todo momento, tentando alternativas para que possamos atender da melhor forma possível o nosso cliente”, analisa.
Ele conta ainda que a Piqueri sempre teve o serviço de entrega. “Temos a mercadoria que segue no itinerário com carros ou na urgência o cliente pode pedir o delivery, levamos o produto onde ele estiver, disponibilizamos de nossas linhas telefônicas, inclusive com um serviço de whatsApp, permitindo uma maior agilidade, sem ter a necessidade de sair de casa, da empresa ou da oficina. E mantemos o nosso canal de E-Commerce, mais uma ferramenta que busca trazer facilidade para o cliente”, conta.
A empresa se orgulha de manter um laço de amizade com os seus clientes. “Não é apenas tirar um pedido, mas ajudar na solução dos seus problemas. Temos inúmeros clientes que gostam de ir até a empresa, pois também é um momento de descontração, conversar com o vendedor, tomar um café e sair um pouco do seu local de trabalho, portanto a Piqueri fica lisonjeada de o cliente gostar de nos visitar, e todos são muito bem-vindos… Lembrando que neste momento de pandemia, tomamos todos cuidados com os protocolos de segurança”, garante
Ele conta que próximos a finalizar o primeiro semestre de 2021, a expectativa e o trabalho que está sendo feito internamente e externamente na matriz e filial é que para que tenha um crescimento em comparação a 2020. “Tenho que destacar o empenho de todos os colaboradores, que neste momento tão difícil e perigoso, se empenharam de uma maneira incansável, uma dedicação ímpar, foram trabalhar com a alma e vontade de profissionais que sempre foram esta entrega é que determina o sucesso da Piqueri, eles não são apenas colaboradores, mas todos sabem que são amigos, é uma família unida para os mesmos ideais”.
Rogério destaca que a maior tradição da Piqueri é o atendimento. “Ter o produto, providenciar caso esteja em falta, visitação as empresas, uma entrega eficiente, todos os setores organizados e motivados, entender a necessidade do cliente, e fazer o máximo para a sua satisfação plena. Antes da pandemia, fazíamos várias palestras técnicas em nosso auditório para quase 70 pessoas, levando conhecimento técnico, e tenho a certeza de que em breve poderemos retornar”, completa.
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.