Processos para reparo em veículos eletrificados

Processos para reparo em veículos eletrificados

Gestão de oficinas: Processos para reparo em veículos eletrificados. Se veículos eletrificados são ou não um caminho sem volta, ninguém sabe, o que sabemos é que hoje eles se colocam como uma nova opção de negócios consolidada entre muitos motoristas e proprietários de veículos. E a tendência, com a ampliação do leque de ofertas, é de crescimento em vendas.

Quem dirige um carro elétrico ou híbrido é um público específico, sim, mas que merece toda atenção dos mecânicos também na hora da manutenção. Por isso, se preparar para fazer o processo correto é muito importante, até porque, se pelo momento eles são na sua maioria levados para a concessionária, muito em breve estarão fora da garantia e vão encostar na sua oficina.

Além do que, temos alguns híbridos que estão há mais tempo no mercado, como o Toyota Prius, o Ford Fusion e até mesmo o Toyota Corolla. “Já temos um número considerável, não grande, mas considerável de veículos que estão no mercado e que já estão em fase de manutenção, inclusive fora da garantia”, conta Sergio Fabiano, gerente de serviços automotivos do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva).

Processos para reparo em veículos eletrificados

Por esse motivo, a entidade lançou uma cartilha sobre qualidade e segurança na manutenção de veículos eletrificados. O material, disponível gratuitamente, tem com o objetivo de auxiliar os profissionais da área a reduzir riscos, promover práticas seguras e atender práticas da qualidade operacional em vendas e pós-vendas de veículos eletrificados no Brasil.

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Começo dos processos

Porém, num primeiro momento, o instituto identificou a necessidade de se fazer um estudo sobre o assunto e em 2020 desenvolveu um primeiro treinamento em relação a qualidade de como montar uma oficina de reparação de veículos elétricos baseado nas normas da ABNT e na questão da qualidade dos processos.

Sérgio conta que, em seguida, o IQA elaborou três treinamentos que tinham como foco os veículos eletrificados para o atendimento das seguradoras: “um para área de assistência 24 horas, ou seja, como atender o cliente na rua, como avaliar, verificar e remover esse veículo elétrico, que precisa de algumas características especiais, para levá-lo até um lugar seguro”.

“Depois foi desenvolvido o treinamento de vistoria prévia, abordando quais os itens que a companhia deve se atentar para avaliar um veículo elétrico; e o último curso é voltado para o veículo que entra como um veículo salvado, quando sofre a indenização, seja perda total ou parcial, aí esse veículo vai com um pátio de leiloeiro para fazer a venda, como sucata ou reutilizável. E necessita de um armazenamento específico, questões específicas para que também não gere problemas”, explica o gerente.

Recentemente, o IQA reconheceu a necessidade de elaborar essa cartilha de veículos elétricos e híbridos, por uma necessidade do mercado. “Com toda a orientação para o profissional e o estabelecimento operarem com esses veículos. Sempre tratando da questão da qualidade e do processo e não da parte técnica do reparo, isso é de responsabilidade do SENAI”, analisa Sérgio.

Na cartilha, os profissionais podem conferir aspectos essenciais que devem ser verificados ao receber o veículo, como a bateria e o sistema elétrico; instalações adequadas dos boxes de trabalho; uso de equipamentos de incêndio adequados; utilização de ferramentas e equipamentos adequados para manuseios; espaço específico e estratégico para os serviços que facilite a fuga em caso de emergência; pátios de quarentena para o veículo que está aguardando para entrar em manutenção, entre outros pontos importantes.

Outro ponto de grande relevância é a questão da capacitação e orientação dos profissionais envolvidos com a manutenção e reparação de veículos eletrificados, afinal, este é um sistema de propulsão relativamente novo e que trabalha com alta tensão, colocando o risco de acidentes graves em alerta.

“O volume de veículos elétricos está aumentando, e além da capacitação dos profissionais temos ainda no mercado nacional a dificuldade da informação técnica, que é de propriedade da detentora do projeto por 10 anos, de acordo com as leis brasileiras. E o mercado reparador independente tem que ir atrás dessa informação para fazer um reparo de qualidade, através do SENAI e do Sindirepa. E a maioria desses veículos vêm de fora, o que torna ainda mais difícil obter essas informações”, diz Sérgio.

Por isso, muitos reparadores ainda têm uma certa restrição ao pegar um veículo eletrificado para fazer manutenção, porque ainda não têm essa informação e os cuidados corretos desses processos de reparo, que ainda são pouco divulgados.

De acordo com o gerente de serviços automotivos do IQA, Sérgio Fabiano, a cartilha visa apoiar a cadeia automotiva, especialmente no pós-vendas, em relação a dúvidas naturais sobre a nova e crescente tecnologia de eletrificados.

“Atualmente, parte da indústria já está concentrada no desenvolvimento e comercialização de veículos elétricos e híbridos, e recebemos atualmente no IQA muitas demandas imediatas sobre necessidades do pós-vendas, especialmente no que diz respeito à qualidade e segurança operacional”, afirma o gerente.

A cartilha está dividida em oito capítulos e utilizou como base referências nacionais e mundiais de normas e regulamentos vigentes e mais atualizados. Os principais tópicos do guia incluem uma visão geral da transição energética, detalhes técnicos sobre motores elétricos e híbridos, medidas preventivas durante operações e deslocamentos, diretrizes para capacitação profissional, atualizações legais e normativas, literatura técnica, dicas de primeiros socorros, folheto de orientação operação (check-points) para afixar na área de trabalho, entre outros.

O material pode ser baixado gratuitamente na loja oficial do IQA, disponível no site loja.iqa.org.br (https://conteudodigital.iqa.org.br/?product=cartilha-vhe).

No dia a dia

Sérgio destaca que as orientações começam, por exemplo, num atendimento de assistência 24 horas de um carro que bateu, teve um impacto, que não sabemos qual é e parou de funcionar.  e ele teve um impacto, seja ele qual for, eu não sei qual é.

“O guincho que vai rebocá-lo tem que estar preparado porque se a parte inferior do veículo, a parte baixa, foi impactada e causou um dano na bateria, que é um componente químico, vai aumentar a temperatura do conjunto e se não houver uma refrigeração adequada, pode pegar fogo”, diz.

Então, para identificar se houve esse aumento de temperatura, antes de colocar o carro na plataforma, tem que medir a temperatura da bateria e verificar se está dentro do valor adequado e aí sim, fazer o transporte com segurança.

“Esse era um caso que ninguém realmente sabia como tratar, então o IQA foi buscar a informação fora, fizemos um estudo para montar esse conteúdo e analisamos quais eram os problemas que poderiam causar incidentes, pois não existe em nenhum lugar do mundo esse tipo de informação, e agora eles estão nessa cartilha”, observa.

E depois disso, temos outros processos que o IQA sugere em relação ao recebimento de um carro desses na oficina, que fazem parte da segurança e qualidade envolvidos nesse processo.

“Tanto o veículo que chega com guincho, quanto um veículo que chega rodando, o mecânico não sabe a origem, não sabe o que aconteceu, então a primeira etapa que oficina tem que fazer é um check list para identificar qual o problema do veículo”, analisa Sérgio.

“Uma das questões importantes para um veículo elétrico ao chegar na oficina é verificar a carga de bateria, porque se tiver com carga abaixo do mínimo recomendado, eu posso deixá-lo parado até o atendimento e quando ele entra no cronograma essa bateria pode descarregar e isso fica registrado no sistema. Se acontece isso, o veículo perde a garantia”.

A grande preocupação é a bateria, isso porque é um componente químico que, se há uma fusão interna, uma autoignição, ele vai iniciar incêndio e aí para extinguir o fogo é necessária mais uma série de processos e normas técnicas, porque ele não apaga por conta da reação química dos elementos.

Inclusive por conta da bateria, é preciso colocar o carro num local de espera para que possa ser verificado de tempos em tempos se essa bateria não vai ter reação ou se não vai ter aumento de temperatura, porque o carro está parado. Todos esses pontos estão esclarecidos na cartilha.

“Aí entra a necessidade de ter um ambiente preparado para fazer essa manutenção, um local específico da oficina, com fácil saída dos funcionários, por exemplo, um local de fácil movimentação, onde eu posso, se possível empurrar esse veículo e deixar ele exposto no meio ambiente, então eu tenho que ter um box preparado em caso de acontecer um acidente”, comenta Sérgio.

Essa área é delimitada, não precisa ser fechada, mas tem que estar delimitada com cones e placas, identificando que esse é um veículo que trabalha com alta tensão.

“É um veículo elétrico e só pode ser acessado por pessoas autorizadas. Nós estamos desenvolvendo uma norma para isso em conjunto com a ABNT. Existem categorias de profissionais que podem reparar um veículo elétrico, de acordo com normas regulamentadoras”, explica Sérgio.

Para o desligamento de um veículo elétrico, o mecânico vai ter que desligar a chave geral, e para isso, é necessário estar paramentado, com os EPIs corretos e uma outra pessoa de suporte com um gancho que vai ser usado no caso de eletrocussão, para puxar o técnico.

“Então, temos que ter um ambiente identificado, os equipamentos de EPIs para proteção do mecânicos e ferramentas isoladas, além de um elevador do tipo pórtico. E a classificação de qual profissional pode operar e com quais sistemas”, explica.

Ele continua: “se eu tiver que fazer algum reparo no componente elétrico ou no componente eletrônico, na bateria, no conversor, ou nos sistemas elétricos do veículo, tem que fazer a desenergização ou desligamento da tensão, que só pode ser feito por profissionais regulamentados. Se eu tiver que fazer reparos básicos, freios, suspensão, pode ser feito por técnicos de nível mais básico, e assim por diante”, finaliza Sérgio.

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