Restauração de veículos antigos: uma arte em plena ascensão

Restauração de veículos antigos: uma arte em plena ascensão

Mecânica Retrô : Restauração de veículos antigos: uma arte em plena ascensão. Em primeiro lugar, a paixão. Acho que é o que move os praticantes do antigomobilismo, e essa mesma paixão com certeza toma conta do mecânico que abraça a causa de reviver uma raridade em forma de automóvel.

A restauração de veículos antigos é um processo desafiador, que envolve a desmontagem, reparação e remontagem das peças e sistemas restaurados para devolver o carro à sua condição original, de acordo com o gosto do cliente e no nível da demanda desejada.

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Um trabalho detalhado e minucioso, que não é pra qualquer um. Por isso, conversamos com um especialista que vai orientar os profissionais que querem ingressar na arte da restauração, afinal, tem que ter capacitação, ambiente apropriado, acesso às peças e ferramentas específicas para realizar um bom trabalho.

O professor universitário, Fernando Landulfo, apresentador do canal Auto Acadêmico, conta que o processo de restauração, de qualquer tipo de objeto (no caso os veículos antigos) tem como principal objetivo devolver, ao mesmo, toda a magnificência perdida, devido a ação do tempo e do uso. E dessa forma resgatar e /ou preservar, as lembranças e emoções que os seus proprietários depositaram sobre eles.

Restauração de veículos antigos: uma arte em plena ascensão

“Logo, um restaurador, antes de tudo, deve ser um pesquisador. Pois precisa conhecer a fundo não só os detalhes construtivos, mas também a história daquilo que está restaurando”, diz o mestre.

Ele reforça que o restaurador precisa também fazer papel de psicólogo e ser muito respeitoso. Pois, esses veículos, na grande maioria dos casos, contém uma enorme carga emocional. Sendo que o valor monetário não costuma importar.

“Chamar uma peça não restaurada de “tranqueira”, “sucata” ou mesmo, afirmar que “não vale a pena restaurar”, pode significar o encerramento de qualquer tipo de negociação de forma “violenta”. Muito cuidado com os sentimentos dessas pessoas. Desdenhar dos veículos dos outros, “pagando” de “grande e poderoso empresário do setor” pode, até mesmo, colocar em risco a segurança pessoal (já vi casos)”, afirma Landulfo.

Segundo o professor, o restaurador precisa ser muito honesto e verdadeiro com o seu cliente. Se disse que fez o serviço de uma determinada forma, isso deve corresponder a verdade. “Enganações (os chamados nós)”, “gambiarras”, “malhos”, erros e desvios de procedimento, que são descobertos posteriormente (principalmente durante concursos onde prêmios são perdidos”, destrói imediatamente a confiança do cliente e pode gerar processos com indenizações caras”, completa.

“Mesmo que não ponha a mão diretamente no trabalho (dono ou gestor da oficina), o restaurador precisa dominar todas as técnicas envolvidas no processo de restauração: só pode supervisionar e garantir uma boa qualidade, quem sabe fazer bem-feito”.

O professor conta que esse profissional também precisa estar atualizado com novas tecnologias produtivas, que podem otimizar e/ou aumentar a qualidade o processo e do produto final.

O profissional que faz restaurações em veículos antigos precisa ser detalhista, pois a diferença entre um simples reparo e/ou uma reforma funcional e uma restauração, reside justamente os detalhes. A “lupa” é o seu principal instrumento de trabalho.

Além disso, precisa de paciência e uma boa noção de gestão financeira, pois o processo de restauração “tem o seu tempo” para ocorrer. “Atalhos podem significar em perda de qualidade. E, ao contrário da oficina de reparação, o dinheiro pode não entrar com uma frequência regular. Logo, gerenciar o dinheiro e saber cobrar é preciso”, analisa o professor.

As etapas da restauração

Por ser um processo bastante complexo, não existe uma única forma de se executar um serviço com sucesso. Landulfo faz uma breve lista da sequência a ser seguida, lembrado que algumas das etapas podem ocorrer concomitantemente, de acordo com os recursos da oficina, para que o trabalho seja feito de forma correta. Confira:

– Inspeção inicial do veículo (estado geral)

– Anamnese com o proprietário (história do veículo, ligações afetivas etc.)

– Apresentação de um pré-orçamento: ordem de grandeza de quanto poderia custar a restauração. O orçamento final será apresentado após desmontagem e diagnóstico completo, podendo ser ajustado, de acordo com as “surpresas” encontradas durante o processo

– Assinatura do contrato

– Identificação do veículo: modelo, versão, cor, desmembramento do número de chassi e levantamento dos acessórios montados em fábrica

– Obtenção de manuais e catálogos de peças de reposição

– Prospecção e avaliação de fornecedores de peças de reposição

– Desmontagem completa e segregação em grupos (motor, câmbio, carroçaria, chassi, freios, elétrica etc.

– Decapagem completa da carroçaria e do chassi (se houver) e/ou monobloco

– Levantamento dos parâmetros originais da carroçaria e chassi

– Inspeção minuciosa, diagnóstico da carroçaria e chassi: decisão do que e como restaurar

– Desmontagem dos conjuntos e diagnóstico de acordo com os parâmetros originais

– Decisão do que e como restaurar

– Orçamento final

-Restauração dos grupos

– Montagem

– Teste

– Entrega

Restauração de veículos antigos: uma arte em plena ascensão

Em harmonia com o dono da raridade

O proprietário desse tipo de veículo é um cara apaixonado, por isso, o profissional que vai colocar a mão na massa, pode extrair muitas informações que vai ajudar para se obter um bom resultado. Por isso, Landulfo fala que a anamnese é parte fundamental, pois é dela que será obtido além da história e conexão emocional, aquilo que o cliente realmente quer.

“Além de informações que permitirão ao restaurador inserir detalhes importantes. Exemplos: o som exato que o motor fazia e a etiqueta do concessionário onde o veículo foi comprado. Detalhes que podem fazer parte da infância do cliente”, analisa.

Depois da avaliação, o profissional vai desmontar e trocar apenas o que é preciso, mas é interessante fazer uma documentação fotográfica do que está sendo removido, catalogar, segundo o professor, desde o momento em que o veículo entra na oficina.

“A documentação fotográfica é imprescindível para preservação da história do veículo. Por exemplo: durante a desmontagem se for encontrado um objeto pessoal importante, o registro desse resgate pode significar muito para o cliente”, reforça.

 Falando de Motor e Mecânica

O motor não necessariamente precisa ser completamente revisado. Isso depende muito do que o proprietário deseja fazer com o veículo. “Supondo que a intenção é mantê-lo original: SIM, manter o propulsor original, que deve ser restaurado a fim de oferecer o mesmo desempenho que tinha quando novo. Uma reforma de motor padrão (retífica). Mas de preferência, com componentes genuínos e/ou originais (quando possível) e mantendo a sua aparência o mais original possível”, afirma.

Lanfulfo fala ainda que a restauração do sistema elétrico é obrigatória, pois trata-se de uma questão de segurança, e segue os mesmos padrões dos outros grupos. Mas, pode-se utilizar materiais mais modernos e seguros (fios antichama e isolações melhores nos chicotes), que podem ser camuflados com a aparência antiga. No entanto, se o objetivo é manter a originalidade, componentes como: motor de partida, alternador, central de distribuição elétrica, devem ser revisados / restaurados dentro do padrão original”, explica.

Restauração completa ou reparos parciais?

“Como me disse pessoalmente o mestre Luis Baptista, durante a visita que fiz a ele na Automotor (vide canal Auto Academico no Youtube), há mercado para todo o tipo de serviço. Quem decide é o tamanho do bolso do cliente.

Além disso, a recuperação da estrutura e funilaria do veículo acaba influenciando tanto na qualidade do serviço quanto no encaixe de todo conjunto. E, segundo o professor, deve ser um trabalho em conjunto. “Funilaria é tão importante quanto a parte mecânica e elétrica. Estrutura é igual a segurança. Funilaria e pintura reflete a aparência do veículo, o que afeta diretamente as emoções do proprietário.

E depois do reparo, deve ser realizado um teste completo de funcionamento do veículo, verificando TUDO, afirma o professor. “Cada detalhe de funcionamento e aparência. Dirija o carro como se o serviço de restauração tivesse sido feito para você, no carro deixado de herança pelo seu ente mais querido”.

O professor Landulfo finaliza indicando onde buscar conhecimento técnico se o profissional quiser seguir essa área, e existem diversas fontes. “Escolas como o SENAI, podem oferecer os mais variados cursos nas mais variadas áreas técnicas. Empresas fornecedoras de peças e insumos, também oferecem treinamentos. Há também cursos dedicados a restauração de veículos”, finaliza.

 

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