Gestão de oficinas: Saúde dos mecânicos dentro das oficinas. IQA orienta sobre a importância de ações e cuidados no ambiente da reparação que ajudam a preservar a integridade física dos mecânicos
Apoio Técnico: Instituto da Qualidade Automotiva
Quem está trabalhando não percebe, mas a oficina é um ambiente de trabalho que pode colocar em risco a saúde e a segurança do profissional. É neste ambiente que ele está exposto a produtos e situações que oferecem perigo: excesso de peso de ferramentas e componentes, poluição de ar e sonora, produtos nocivos etc.
É por isso a cada dia esse tema ganha mais relevância entre os empresários do setor da reparação, inclusive, a utilização de equipamentos de proteção individual e outros dispositivos já passou a ser mais frequente, ainda que não em sua totalidade, apesar de ser obrigatoriedade. Era muito comum antigamente, o mecânico escolher por não usar os equipamentos, pois diziam atrapalhar o serviço.
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Na coluna deste mês, o IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) aborda essa questão significativa, e vai nos dar algumas recomendações para fazer o melhor para a saúde do mecânico dentro das oficinas, e o que é correto inclusive perante a lei.
Sergio Fabiano, gerente de serviços do IQA, fala descreve os EPIs (equipamento de proteção individual) obrigatórios para os mecânicos durante seu trabalho e qual a importância de serem usados.
“Para ter uma orientação adequada e conforme a legislação, as empresas devem observar os EPIs obrigatórios e indicados pelo Técnico de Segurança no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e o PGR (Plano de Gerenciamento de Risco). Estes documentos que orientam corretamente os equipamentos obrigatórios que cada profissional e área deve utilizar. Mas por via de regra, o mecânico deve ter disponível: sapato de segurança, uniforme completo, luvas, protetor auricular e óculos de segurança”, explica.
O gerente afirma ainda que conforme legislação trabalhista, a empresa (oficina) contratante do funcionário deve fornecer os EPIs necessários para cada função exercida. “Os EPIs são equipamentos de segurança e obrigatórios conforme função exercida. E estes itens são a garantia de que o colaborador irá prevenir acidentes, ou seja, caso o funcionário não utilize reiteradamente, ele poderá aplicar as sanções previstas na CLT (Consolidação das Leis do trabalho) iniciando pela advertência verbal, advertência escrita, suspensão e em último caso a Demissão por Justa Causa (caso extremo)”, observa.
Mas ele garante: “geralmente quando a empresa cobra efetivamente dos funcionários, todos acabam usando. Outro ponto importante é a empresa desenvolver e entregar no dia de início do trabalho o “Código de Conduta”, que apresenta todas estas regras e que o profissional não poderá alegar desconhecimento”.
Outros dispositivos essenciais
Além de equipamentos individuais, os equipamentos de proteção coletivos (EPCs) fazem parte das atribuições do estabelecimento em empregar na oficina, desde um lay out de espaço otimizado até questões de prevenção à saúde. “Em algumas atividades são necessários EPC´s, como por exemplo na área de soldagem onde é necessário um Biombo de Proteção (contra os raios emitidos na soldagem) para proteção das pessoas que estão próximas”, afirma Sérgio.
EPCs de uma oficina
– Objetos para sinalização (como faixas e cones)
– Detectores de fumaça
– Exaustores e sistemas de ventilação, iluminação adequada, sistema de controle de temperatura
– Kit de primeiros socorros (conforme indicado no PCMSO/PGR).
De acordo as recomendações do IQA, o ambiente de trabalho deve ser um local agradável para se trabalhar, então a iluminação é um item importante e que deve ter no mínimo 500 Lux de iluminação. Outro ponto é o controle da temperatura que deve estar agradável para a atividade exercida. Outro ponto importante é ter áreas adequadas para armazenamento das ferramentas e dos boxes de trabalho com o intuito de evitar acidentes e privilegiar a agilidade na operação.
A exaustão do local também deve ser adequada, pois está diretamente ligada a produtividade do funcionário, visto que em locais com temperaturas muito altas ou muito baixas irão causar um grande desconforto para as atividades e devem ser tratadas pelo proprietário.
Elementos como produtos tóxicos, poluição sonora, materiais sujos e desorganização também podem ser considerados fatores de risco tanto para os funcionários quanto para clientes e outras pessoas que circulam por lá.
“A desorganização é um exemplo claro, pois peças dispostas em locais inadequados vão causar acidentes de queda ou ferimentos. Outro caso de muitos acidentes nas oficinas são as mangueiras de ferramentas pneumáticas e extensões (fios) de equipamentos elétricos que devem ter sua disponibilização via aérea para evitar este risco. A organização é um item essencial para qualquer atividade e contribui para melhoria dos processos de trabalho”, comenta Sérgio.
Saúde do corpo e da mente
O gerente fala ainda sobre as ações físicas que podem comprometer a integridade do mecânico, como excesso de peso e carregar peças de maneira inadequada. “Estes são itens também muito importantes para evitar afastamentos no trabalho. Um ponto de grande afastamento é carregar incorretamente as peças pesadas como motor e câmbio. Para isto a oficina deve possuir equipamentos de transporte adequado e buscar treinamento de ergonometria para prevenção de acidentes. Em geral as empresas que realizam o PPRA/PCMSO podem fazer este treinamento preventivo”, conclui.
O vestiário é um local importante para o bem-estar do funcionário e para que possa fazer uso para substituição da vestimenta de trabalho e guarda de seus pertences pessoais. O local deve ser bem cuidado, organizado e com limpeza constante.
Manter uma área de descanso também é um ponto importante para o bem-estar dos funcionários para que possam descansar no horário de almoço e poder relaxar com um pouco de TV ou jogos em grupos, um ótimo momento para que todos se relacionem e socializem.
“As oficinas devem possuir uma maleta de primeiros socorros com itens adequados e conforme a descrição do PCMSO, para que possa atender os primeiros cuidados. Outro ponto importante é que tenha a equipe treinada para esta ação e sempre orientar para chamar o atendimento de emergência local ou seguir para um Pronto Socorro nos casos mais graves. Possuir em alguns locais de fácil acesso fixada uma lista de telefones uteis que possam ser utilizados em momentos de emergência”, orienta Sérgio.
Certificação
No geral, todas essas observações são importantes para melhorar os processos dentro do centro de reparação, em relação às questões de operações e de gestão de pessoas. “Na certificação do IQA para Centro de Reparação avaliamos os itens de segurança, uso de EPIs, organização (5S), entre outros pontos para avaliar a classificação e aprovação da empresa, pois são itens que fazem parte de legislação”, diz.
Nesse tempo de adequações, por conta da pandemia do coronavírus, o IQA desenvolveu a Certificação Auto Retorno com a consultoria em saúde do Hospital Sírio-Libanês, que trata de avaliar as ações de prevenção que a empresa deve aplicar para a retomada das atividades. Para mais informações, acesse o link: https://www.iqa.org.br/certificacao/autoretorno-autopresente/
Leis e obrigações
A legislação maior é seguir a CLT e posteriormente orientadas pelas NR (Norma Regulamentadora) com a NR 04, 06, 09 entre outras. “Caso não siga a legislação vigente a oficina está sujeita na fiscalização a multas e até fechamento do estabelecimento”, explica o executivo.
Carol Vilanova, editora da Revista e Portal Oficina News, é jornalista (Mtb 26.048) e trabalha desde de 1996 na imprensa editorial automotiva. Em 2003 iniciou sua participação no mercado da reparação e reposição automotiva, inclusive como editora da Revista o Mecânico por 12 anos. No ano de 2014, idealizou o Portal Oficina News, que em 2016 teve sua versão impressa publicada, a Revista Oficina News, sob a chancela da Editora Ita & Caiana. Sob sua responsabilidade editorial, publica também a Revista Frete Urbano.